A Zona Morta: Stephen King e seu Drama Sobrenatural

† Você já se imaginou entrando em coma e perdendo quatros anos e meio de sua vida? A verdade é que John Smith também nunca imaginou que isso pudesse acontecer, principalmente com ele, um jovem professor universitário cheio de vida. Em A Zona Morta, Stephen King nos presenteia com um drama tão forte que eu pude sentir um pouco da dor e dos impasses que John viveu. O grau de humanidade dos personagens foi o que mais me cativou nesse livro, e foi por isso que decidi contar um pouco pra vocês sobre ele. As imagens a seguir foram retiradas do filme baseado nessa obra.

Você diria não para esse homem?

Como escritor, King é conhecido mundialmente por ser o mestre do terror. Entretanto, o seu destaque entre tantos outros escritores do mesmo gênero, fica por conta da sua versatilidade em escrever diferentes tipos de estórias. Pensei que A Zona Morta fosse me levar justamente pra outra estória de terror, mas eu a classifico como um BAITA drama com uma pegada sobrenatural. Aparentemente, não há nada de sobrenatural no que acabei de contar pra você, mas omiti um pequeno detalhe: quando John “desperta”, ele pode, ao tocar nas pessoas, enxergar o seu presente, passado e o futuro. Aos olhos das pessoas ao seu redor, isso é um dom... Mas para John, que sofreu um acidente de carro, perdeu quatro anos e meio de vida, a sua namorada e diversos acontecimentos no mundo, tal dom é considerado uma maldição.

O talentoso Christopher Walken em coma como John Smith.

Se você já ouviu falar em “Cujo” ou em “Trocas Macabras”, dois livros que também se passam na mesma cidade fictícia, Castle Rock, recomendo que você leia A Zona Morta primeiro, pois os outros acabam dando spoilers sobre alguns acontecimentos que acontecem com John. Agora, falando um pouco sobre o nosso querido John... Coitado! É um livro sobre perder coisas e pessoas, sobre impotência, sobre se sentir horrível e a pior pessoa do mundo e, acima de tudo, sobre não escolher ser assim. Sua mãe, uma fanática religiosa como a mãe de Carrie (a Estranha) White, jura que Deus têm planos maiores para John. Quais planos seriam esses? É um questionamento recorrente que até nós acabamos nos fazendo. Às vezes, em suas visões, há algum detalhe que ele não consegue enxergar, e é a partir daí que ele começa a dizer que tais acontecimentos estão na Zona Morta: uma área que ele não consegue, por algum motivo desconhecido, acessar. Você pode estar pensando que seria ótimo poder saber o futuro, mas o que as pessoas ao seu redor pensariam? Existem falsos profetas, pessoas que mentem pra enganar em troca de dinheiro e fama, e não demora muito pra que John seja tratado como um. Nós sabemos que essa acusação não é verdade porque sentimos tudo junto dele.

De uma forma mais ampla, há duas grandes situações dentro do livro: 1) um serial killer que está matando mulheres e ninguém sequer tem pista sobre ele; 2) um político mau caráter em ascensão que cruza o caminho de John e o deixa com uma visão perturbadora sobre as suas reais intenções. Pode parecer disperso, mas é importante nos atentar ao personagem principal, e de que esse livro é sobre ele, sobre as suas escolhas e a sua essência. Outro detalhe que acabei esquecendo de te contar: ao usar o seu dom, quanto mais forte for a sua visão, mais debilitado John fica. É perceptível que as suas dores de cabeça estão mais fortes e frequentes.

Investigações sobre um certo caso.

O livro possui uma quantidade de páginas que consegue detalhar e contar tudo que precisa ser contado. Pode parecer lento, ao menos no início, mas depois as coisas começam a fluir. Se sentir que tal acontecimento foi só pra encher linguiça, lembre-se de que o foco é o personagem principal e de que nada é colocado ali sem uma explicação, mesmo que tardia. Como era de se esperar, o livro também possui uma adaptação para o cinema batizada de A Hora da Zona Morta, e uma para a TV, com a série O Vidente. Vi apenas o filme, e apesar de algumas mudanças, o filme me deixou bastante satisfeito. †

Título: A Zona Morta

Editora: Suma de Letras,  26 de maio de 2017

Páginas: 480 

Autor: Stephen King

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