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The Devil's Candy: você quer "doce", Sat@n?

O que fazer quando o Satã começa a sussurrar no pé do teu ouvido? Em The Devil’s Candy (2017), a saída mais plausível é colocar um heavy metal pauleira no último volume. Faz até sentido, não?! Recomendo que faça a leitura desse texto ouvindo Metallica, Slayer, Cavalera e afins, pois essa é a trilha sonora do filme inteiro.
Começamos com Raymond sendo acordado na calada da noite por sussurros aleatórios que fariam qualquer alma viva se benzer. Querendo abafar aquele barulho do demônio, ele decide tocar a sua guitarra envenenada no último volume. Ao ouvir o som, uma mulher, aparentemente sua mãe ou esposa, vai até o quarto para conferir o que está acontecendo, mas Raymond a assassina de forma brutal. É notável que Raymond está sentindo dor ao cometer tal ato. Não sabemos o que acontece com ele após isso, pois o enredo do filme começa a se desenrolar...


Raymond se perguntando o que está fazendo.


A princípio, The Devil’s Candy parece que será um filme estilo Horror em Amityville: um casal com a sua filha comprando uma casa em que aconteceram duas mortes. Casas marcadas por tragédias possuem um valor bem abaixo do normal, o que facilita a compra. Eles apostam na casa, mesmo com o receio de adaptação de Astrid em relação a filha do casal, Zoey. Por outro lado, temos Jesse, um pintor que ama a sua família e está feliz com a aquisição da residência, principalmente pelo grande celeiro que será utilizado para conceber as suas obras. Já sabe qual local é esse? Eu nunca que me mudaria para uma casa que tem uma CRUZ no vidro de entrada. Esse povo inventa cada coisa!
Lembra do Raymond? Ele já não está mais em sua casa – que agora é a casa de Jesse e sua família -, mas em um quarto alugado. O vemos, mais uma vez, tocando loucamente a sua guitarra, o que significa que ele continua ouvindo aqueles sussurros. Cortando a cena para o outro núcleo, vemos que Jesse também está ouvindo tais sussurros, e que os mesmos o levam a encontrar uma mancha de uma cruz invertida que esteve ali quando Raymond ainda morava na casa. A partir desse momento, Jesse começa a ficar fixado em pintar uma obra em específico. Percebemos que ambos estão sendo usados pelo demônio.


Vamos brincar?


Nesse terror, vemos que o demônio é subversivo, e em algumas partes o filme é subjetivo para deixar que a gente interprete isso por conta própria. Ao controlar Raymond e Jesse, temos duas atuações excelentes: Ray parece sempre confuso e deslocado, como se estivesse perdido em pensamentos, mas ainda tentando lutar contra aquele impulso para realizar a obra do demônio: caçar o seu doce favorito; por outro lado, Jesse trabalha como um lunático em suas pinturas – pinturas sussurradas pelo próprio demônio –, como se a sua vida realmente dependesse daquilo, o que o faz deixar a sua família em segundo plano. As atuações de Astrid e Zoey também são boas. Com apenas 1h19min de duração, o filme age nas entrelinhas e nos deixa apreensivos com as situações vividas pelos personagens, sem a necessidade de apelar para os famosos sustos repentinos com barulhos ou com a câmera fazendo alguém surgir do nada atrás de outro personagem.
O conteúdo audiovisual desse filme é bem trabalhado e funciona direitinho, nos inserindo em toda aquela loucura. Como o demônio fica sussurrando nos ouvidos de Jesse e Raymond, aconselho fortemente que você assista o filme com um bom fone de ouvido, aumentando a experiência vivida por eles. A trilha sonora é regada de heavy metal, o que deixa tudo bem mais BRUTAL e ELETRIZANTE. Há cenas em que somos enquadrados por uma situação, mas ouvimos sons vindos de outra parte, causando perturbação e ansiedade para saber o que está acontecendo. Um destaque em especial para a paleta de cores e a fotografia do filme que são bonitas, mesmo se tratando de um filme de terror – quem disse quem não pode, hein? Os tons escuros prevalecem, e há muitas cenas durante o período da noite, o que destaca ainda mais o vermelho e o laranja, mostrando o clima pesado e caótico.

Uma paleta de cores dessa!

The Devil’s Candy fez bem a sua lição de casa com elementos que funcionaram muito bem, mesmo com menos de 90 minutos de duração, o que parece ser até estranho. É um filme perfeito? Não, muito pelo contrário, mas nada que ofusque a experiência demoníaca que o filme quer passar. Poderia durar mais e desenvolver as coisas? Poderia sim, só que o filme consegue (conseguiu comigo) satisfazer com o que entrega. Com direção de Sean Byrne (III), o filme de terror com muito heavy metal conseguiu deixar a sua marca.
Cuidado com as “........”, pois elas são o doce preferido do demônio!

p.s.: já assisti ao filme DUAS vezes.


Nota Sangrenta:




Título: The Devil’s Candy;
Ano e Gênero: 2017, Terror;
Direção: Sean Byrne (III);
Duração: 1h19min;

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